Queria contar-te as novidades como contava antigamente; com a maior naturalidade do mundo. Queria dizer-te que tenho o quarto diferente, que pouca coisa está como da ultima vez em que cá estiveste e que o devias ver. Queria poder dizer-te que a minha vida está melhor e que andam a tratar bem do meu coração. Queria contar-te as novidades e ouvir as que tinhas para me contar, dar-te um abraço e sentir-me bem com isso mas não o faço. As coisas mudaram, e não foi só o meu quarto nem a minha vida, nem apenas eu. Tu mudaste também e nem te apercebes ou se calhar sim mas não te importas com isso. Conheço-te tão bem, sou capaz de adivinhar todos os passos que queres dar, as palavras que vais usar, as expressões, as virtudes e os defeitos. Conheço-te quase tão bem como a palma da minha mão e no entanto soas-me a desconhecido, sinto-te como um desconhecido. É como se tivesses partido á mil anos e eu apenas conheça o que eras. É isso, Hoje eu não te conheço. eu conheci o que eras, não sei o que és hoje, não sei no que te transformaste, o que pensas, o que sentes, o que te aconteceu nestes mil anos em que o teu caminho andou longe do meu. Queria contar-te as novidades como contava antigamente; com a maior naturalidade do mundo. Mas desculpa, eu não consigo falar com desconhecidos.
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