- Nunca as rodas de um autocarro levaram tanto tempo a girar, nunca o caminho ate ao destino foi tão longo.
Ora rápido, ora lento. O tempo é assim mesmo, corre á nossa frente e de repente faz destas coisas e começa a passar mais devagar. De repente senti-mo-nos numa cena em slow motion e passa-nos o passado pela frente, senta-se ao nosso lado e aproveita a viagem que deveria ser rápida. O tempo é mesmo assim, e faz com que os segundos custem a passar quando queríamos que eles voassem...mas isso não acontece e lá está ele, sentado ao nosso lado a fazer-nos pensar no tempo que já passou, a fazer-nos pensar no que foi um presente sem futuro. Presente, chamei-lhe isso um dia mas também a vida e o tempo se encarregaram de me mostrar que por vezes vemos presentes onde só estão embrulhos. Com o passar do tempo percebe-se que existem presentes e embrulhos e muitas vezes onde achamos estar um grande presente está apenas um embrulho grande, bonito, chamativo, tão chamativo como os que metem nas montras das lojas debaixo das grandes árvores de Natal só para que alguém ceda à tentação de os querer levar por achar que vai ter alguma coisa boa lá dentro. E quando o abrimos percebemos que era apenas fogo de vista. E é assim que percebemos que existem embrulhos disfarçados de presentes que simplesmente devemos deixar para traz.
"Os anos passam e nem damos por eles" - dizem os mais velhos, e na verdade têm toda a razão. Mas o tempo é mesmo assim, esta contradição. Um ano, à partida, parece muito tempo e talvez o seja mesmo; Um segundo, nem damos por ele passar mas, de repente, o tempo troca-nos as voltas e faz-nos ver os anos a passar a correr e os segundos a passo de caracol só para nos fazer lembrar que por vezes confundimos embrulhos com presentes, que o passado existe e que se pode sentar ao nosso lado numa viagem de autocarro.
- Tânia Albuquerque, Todos os Direitos Reservados.
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